quinta-feira, 29 de junho de 2023

RESUMO DO TEXTO DE LIM-FEI E TAN-CHIA (2022)

Esta é uma produção colaborativa via Google Docs, dos seguintes autores: Ananda Oliveira, Francisca Silveline, Saranh Maria, Francisco Carlos, Maria Eduarda e Suellen Deyse.


APRENDIZAGEM MULTIMODAL DE LETRAMENTOS COM TEXTOS DIGITAIS 



POR QUE ALFABETIZAÇÃO MULTIMODAL COM TEXTOS DIGITAIS?


    O primeiro tópico do capítulo apresenta a justificativa de  Lim-Fei e Tan-Chia (2022) para dedicar uma parte de seu livro aos textos que circulam no meio digital. Para isso, eles discutem a história de Avern, um garoto que vêm utilizando um ipad em suas práticas educativas há algum tempo. Com isso, os autores preveem que Avern logo começará a utilizar as redes sociais, locais em que encontramos uma enorme variedade de informações que se manifestam através de textos multimodais. 

A partir dessa ideia, Lim-Fei e Tan-Chia (2022) buscam introduzir a noção de natividade digital, ou seja, a concepção de que uma criança que nasce na era tecnológica já cresce dominando os elementos do meio digital. Porém, os teóricos demonstram através dos estudos de Livingstone et al (2011) e Loh et al (2021) que nem sempre as crianças dominam tais tecnologias no que diz respeito ao seu aspecto pedagógico. Ainda assim, a noção de natividade digital levou os professores a negligenciar o letramento multimodal dos alunos porque já acreditam que eles possuem a habilidade de navegar no ambiente digital e trabalhar com os textos que lá circulam.

No entanto, Lim-Fei e Tan-Chia (2022) compartilham o dado de Schleicher (2011), que afirma que apesar de um quinto dos jovens terem acesso aos computadores, eles não possuem habilidades para navegar no ambiente digital. Nesse sentido, os autores lançam o questionamento final do tópico, e que será o foco de todo o capítulo:  “Como podemos, então, como educadores, preparar nossos jovens para navegar no complexo cenário da informação e armá-los com os conhecimentos necessários por meio de nosso currículo para contestar narrativas e combater falsidades nesta era da 'pós-verdade'? ” (LIM-FEI; TAN-CHIA, 2022, p. 56).


DEFININDO O QUE É “TEXTO DIGITAL” 


Os autores apresentam a concepção de textos digitais na perspectiva da semiótica social,  de modo  a considerar como fatores da digitalização aspectos como:  dinamicidade e interatividade. Quanto ao primeiro aspecto, referem-se à possibilidade  de conjugação dos multi (modos) em um só (escrito, oral, imagético, movimento,  etc) e sobre o segundo, remontam à viabilidade de interação por esses textos, seja via feedback, emoticons, comentários, reações,  dentre outros. 

Ademais, apresentam um Quadro Comum de Referência para  Letramento Digital (CFRIDiL), cujas dimensões apresentadas são: orquestração, comunicação intercultural, tecnologias digitais e habilidades transversais. Essas dimensões direcionam os questionamentos que podem ser feitos para refletirmos como se efetivam na prática esses letramentos digitais e o que demandam. 

A dimensão de orquestração envolve a característica multimodal dos textos digitais e reforça o questionamento: “Como eu faço significados em ambientes digitais?" A dimensão de comunicação intercultural se refere à habilidade de interagir com pessoas diversas e, consequentemente, com culturas também diversas e remete ao questionamento: “Como faço para criar significados com outras pessoas em ambientes digitais?” A dimensão de tecnologias digitais remonta à diversidade de tecnologias disponíveis e à necessidade de saber usá-las, refletindo-se na pergunta: “Como faço para usar as ferramentas de ambientes digitais?” As habilidades transversais envolvem as aptidões pessoais e relacionais que são necessárias para interação digital e reverberam na seguinte questão: “Quais habilidades pessoais e relacionais podem me ajudar a facilitar a comunicação em ambientes digitais?”


METALINGUAGEM PEDAGÓGICA


Lim-Fei e Than-Chia (2022, p. 60) iniciam essa seção com o seguinte questionamento: “Como o uso de uma metalinguagem ajuda os alunos a adquirir sistematicamente os entendimentos conceituais e desenvolver a consciência semiótica necessária para se envolver e responder a textos digitais?”. À vista disso, os autores apresentaram a metalinguagem pedagógica para vídeos em uma escola secundária em Singapura. A recepção dos professores e alunos em relação a esse estudo foi positiva, pois os professores observaram que houve evolução da reflexão crítica dos alunos entre o pré e pós-testes.

A metalinguagem pedagógica para vídeos se organiza em 4 aspectos: características integrais; formas de interação; representação de ideias; interação de significados em vídeos. Esse modelo se diferencia dos textos impressos, pois a análise se expande aos aspectos sonoros presentes no vídeo.

Nas características integrais dos vídeos, ocorre a noção de categorização dos vídeos em diferentes tipos de texto, as características específicas que irão determinar o gênero, por exemplo, em um documentário “inclui narração em off, entrevistas, bem como reencenação e filmagens para estabelecer credibilidade para os relatos” (LIM-FEI; TAN-CHIA, 2022, p. 62).

As formas de interação são os recursos escolhidos para que ocorra envolvimento ou interação entre o telespectador e o personagem ou ambiente. Estes recursos são a nitidez do foco, o contraste de cores, a posição da câmera, a iluminação, a dramatização, a velocidade, os recursos sonoros, dentre outros.

As representações de ideias se referem ao contexto de produção e recepção dos vídeos. Por fim, a interação de significados corresponde à exploração de significados semelhantes e diferentes no vídeo.


RELATO DE EXPERIÊNCIA


    No tópico 4.4 temos a Vinheta sobre Ensino de Alfabetização Multimodal com Textos Digitais em que é contextualizado como ocorreu a experiência realizada pela professora. 

    O projeto foi desenvolvido por Grace, uma professora de inglês em Cingapura que já ensinou aos alunos de diferentes cursos: Expresso, Normal (Acadêmico) e Normal (Técnico). Ela ministrou aulas para uma turma de 22 alunos do Secundário 1 Normal (Técnico), focando no desenvolvimento de suas habilidades de leitura e compreensão de textos digitais, usando diferentes formas de comunicação.

    Grace planejou suas oito aulas, cada uma com duração de uma hora, utilizando uma história apresentada tanto em um livro ilustrado quanto em um vídeo como base. Ela empregou a metalinguagem pedagógica durante o processo de ensino, garantindo que os alunos compreendessem e refletissem sobre os elementos da história. As aulas foram estruturadas de acordo com os processos de aprendizagem, buscando promover a compreensão e o engajamento dos alunos. Nas Lições 1 e 2, Grace mostrou o texto do livro ilustrado "A coisa perdida", de Shaun Tan, e também apresentou o vídeo que retrata a mesma história.

    A narrativa gira em torno de um protagonista que tinha o hábito de colecionar tampinhas de garrafa em sua vida diária, mas sua rotina foi interrompida quando ele descobriu um monstro na praia. Ninguém parecia se importar com o monstro, exceto o protagonista, que o levou para casa e depois empreendeu uma jornada para descobrir seu verdadeiro lugar. Durante a aventura, eles percorreram diversas ruas em busca de um local adequado para o monstro. Após uma busca incansável, o protagonista finalmente encontrou um lugar onde o monstro se encaixava perfeitamente.

    A professora planejou cuidadosamente a experiência de aprendizagem nas aulas, enfatizando a diferença nas escolhas de elementos de linguagem em textos impressos e digitais, que resultaram em significados distintos. As primeiras duas lições serviram como uma introdução ao estudo da recontagem pessoal, explorando os recursos linguísticos utilizados nesse tipo de narrativa.

    Durante as últimas lições, os alunos receberam a tarefa de projetar e descrever um jogo ou um passatempo pessoal para o personagem da história, a Coisa Perdida, e sua família, utilizando uma apresentação de slides. Nas aulas 7 e 8, foi reservado o tempo para avaliar as apresentações multimodais criadas pelos alunos.

    Todas essas aulas serviram para promover o desenvolvimento das habilidades de letramento multimodal dos alunos, ou seja, a capacidade de compreender e criar significado a partir de textos em diferentes formatos, como textos impressos, vídeos e apresentações de slides. Ao utilizar diferentes formatos de texto, a professora ofereceu aos alunos uma variedade de estímulos e recursos para a aprendizagem, o que pode ter aumentado o interesse e a participação dos alunos.

    As atividades propostas nas aulas permitem que os alunos desenvolvam suas habilidades de leitura, compreensão, análise e criação de textos multimodais. Isso é valioso, pois prepara os alunos para lidar com diferentes formas de comunicação em um mundo cada vez mais digital.

No tópico 4.4.3, intitulado como “Lição sobre o livro ilustrado”, os autores apresentam o processo de aprendizagem dos alunos. O encontro entre duas modalidades de textos, o impresso e posteriormente o digital. Nesse tópico os autores apresentam uma espécie de sequência didática realizada em sala de aula, cuja tem como objetivo demonstrar as particularidades do texto impresso, para que logo após isso, apresentasse outra modalidade de texto, nesse caso, o digital. Ainda nesse tópico, fica claro que uma das estratégias de imersão dos alunos na história apresentada pela professora se dá através de perguntas relacionadas ao texto apresentado por ela. 

Já no tópico 4.4.4, trata da “Aula sobre narrativa em vídeo”. Nesse tópico, os autores dão continuidade ao relato de experiência vivido pela professora. No entanto, nesta parte, apresenta-se uma aula voltada para a narrativa em vídeo. Nesse contexto, os autores salientam que a professora apresenta a mesma história vista em texto impresso, só que dessa vez, em formato de vídeo. Com essa ação, os autores destacam que a professora visa fazer um contraste entre as duas modalidades, visando entender os principais pontos observados pelos alunos em relação ao texto digital e o impresso. 

    No tópico “4.4.5 Lição sobre representação”, é destacado que Grace, a professora, atribuiu aos alunos a tarefa de projetar e apresentar um jogo ou hobby para o Lost Thing e sua família usando uma apresentação de slides e os alunos planejaram suas escolhas de jogo ou hobby e organizaram suas apresentações. Nas aulas seguintes, os alunos apresentaram seus jogos e passatempos aos colegas, explicando o que é o jogo, como jogar e compartilhando suas experiências. As apresentações incluíram o uso de imagens e vídeos para torná-las mais envolventes.

    E, por fim, o tópico 4.4.6 abordas as “reflexões de Grace”, onde pôde-se perceber que, além de ter refletido sobre como planejar o aprendizado de letramento multimodal, destacando a importância de orientar os alunos a reconhecer as ordens da tecnologia digital para aumentar o significado e o envolvimento com a história, ela ficou satisfeita com as respostas dos alunos ao vídeo discutido em sala de aula, pois demonstraram consciência semiótica ao utilizar a metalinguagem pedagógica.


CONSIDERAÇÕES FINAIS DO TEXTO


O capítulo explora como as experiências de aprendizado projetadas por Grace apoiam o desenvolvimento de letramento multimodal de Avern, ela  desenvolve sua consciência semiótica ao reconhecer as diferentes maneiras pelas quais os significados são criados em textos impressos e digitais.

Percebe-se que os textos digitais aproveitam as regras da digitalidade para criar significado, e o envolvimento com eles exige habilidades em tecnologias digitais, comunicação intercultural e letramento transversal.

A metalinguagem pedagógica apoia o pensamento dos alunos sobre as escolhas semióticas nos textos multimodais e permite a comparação e compreensão das diferenças de interação de significados entre textos impressos e digitais. Por fim, Grace encoraja os professores a se juntarem a ela no esforço de projetar o próprio letramento multimodal.



REFERÊNCIA

LIM-FEI, Victor; TAN-CHIA, Lydia. Designing learning for multimodal literacy: Teaching viewing and representing. Taylor & Francis, 2022.






quarta-feira, 21 de junho de 2023

COMPARATIVO DAS METAFUNÇÕES DE KRESS E VAN LEEUWEN (2006) E LIM-FEI E TAN (2017)

Para citar esta postagem: OLIVEIRA, Ananda Veloso Amorim. Comparativo das metafunções de Kress e Van Leeuwen (2006) e Lim-Fei e Tan (2017). In: OLIVEIRA, Ananda Veloso Amorim. Profs. pesquisadores. Teresina, PI, 22 jun. 2023. Disponível em: Acesso em: XX XXX 20..


Esta postagem tem o objetivo de apresentar um comparativo das metafunções de Kress e Van Leeuwen (2006) e Lim-Fei e Tan (2017), como pode ser observado no Quadro 1 seguinte:

Quadro 1- Categorias das metafunções para a análise multimodal

SÍNTESE DAS METAFUNÇÕES DE ANÁLISE DO TEXTO MULTIMODAL

KRESS E VAN LEEUWEN (2006)

LIM-FEI E TAN (2017)

 

Representacional: evidencia o que, quem está em enfoque e a relação estabelecida entre os participantes representados.

Mensagem: refere-se às estratégias envolvidas para construção do significado do que está representado.

Narrativo (ação, reação, fala/mental, conversão, geométrico);

Conceitual (classificacional, analítico e simbólico)

 

Propósito (Educacional, Entretenimento e Econômico);

Apelativo (poder, razão, emoção);

Representacional (literal e inferencial);

Contextual (Produção e recepção)

Composicional:  relativo aos arranjos composicionais que permitem construção de sentidos.

Forma: referente às partes do texto e suas funções.

 

Valor informativo (centro/margem, ideal/real);

Enquadramento;

Saliência.

Visual (exibição principal, foco de atenção, ícone e logo);

Língua (título, slogan, texto principal, marca, nome do produto, chamada para ação, lista de itens, chamar e visitar informação).

Interacional: remete à relação estabelecida entre os interagentes.

Envolvimento: estratégias para chamar atenção.

Olhar-contato (demanda, oferta);

Distanciamento (plano fechado/íntimo, médio/social e aberto/impessoal);

Perspectiva (subjetiva/objetiva, horizontal (frontal, oblíqua), vertical (ângulo alto, baixo).

Proeminência (tamanho, nitidez, primeiro plano, iluminação, contraste da cor);

Direção (olhar direto, indireto e sem olhar);

Poder (ângulo alto, baixo e horizontal);

Intimidade (foto de perto, foto distante e foto média).

Fonte: Produção da autora com base nos pressupostos teóricos de Kress e Van Leeuwen (2006) e Lim-Fei e Tan (2017).


Diante do disposto nesse quadro síntese, faço as considerações adiante:

         A metafunção representacional (KRESS E VAN LEEUWEN, 2006) pode se equiparar à de mensagem (LIM-FEI E TAN, 2017), no tocante ao direcionamento para uma análise crítica, com vistas à finalidade comunicativa que move a produção textual multimodal, seja analisando o enfoque dado, narrado ou representado, seja sinalizando a que fins atende esse texto, se educacional, de entretenimento ou econômico. E quanto a esse aspecto dos fins, observo que a categoria propósito, da metafunção mensagem, dispõe de possibilidades holísticas, as quais tendem a limitar um pouco a análise, necessitando, pois de complementação do interagente quanto à sua percepção dos fins a que atende o texto;

Ainda acerca dessas metafunções, as categorias apelativo, representacional e contextual propostas por Lim-Fei e Tan (2017) são relevantes para desenvolver essa capacidade crítica de análise; possibilitar a construção de significado respaldados numa visão tanto específica quanto geral do texto, considerando aspectos linguísticos e extralinguísticos. Os elementos observados nessas categorias viabilizam a percepção dos interesses que sustentam as produções multimodais; da sua relevância e alcance, bem como da compreensão e aceitação dos interagentes pela forma que recebem os textos;

A metafunção interacional de Kress e Van Leeuwen (2006) pode ser associada à de envolvimento, conforme Lim-Fei e Tan (2017), no que se refere às categorias expressas, entretanto, observo nessa última metafunção o detalhamento dos elementos, o que confere um caráter mais didático a ela. Além disso, identifiquei a inclusão do aspecto proeminência, que também é contemplado por Kress e Van Leeuwen (2006), mas na metafunção composicional, nomeada de saliência;

Tanto a metafunção composicional como a de forma tratam dos aspectos estruturais do texto, na tentativa de subsidiar a análise das funções desses elementos nos textos multimodais, com a ressalva de que a primeira é contemplada de forma mais geral e a segunda apresenta elementos com mais detalhamento, porém, esta última parece direcionar-se muito ao gênero anúncio. Porém, isso não impede de se adotar essas categorias de forma adaptada também em outros textos multimodais;

            Dessa forma, é possível prever que as categorias de análise segundo os dois pressupostos teóricos podem ser complementares em alguns quesitos, equivalentes em outros, mas também, a depender da intenção do analista, podem ser adotadas de forma independente, devido às categorizações diferenciadas que fazem, uma sendo mais geral, a de Kress e Van Leeuwen (2006) e a outra mais didática, a proposta por Lim-Fei e Tan (2017).

 

REFERÊNCIAS

 

KRESS, Gunther; VAN LEEUWEN, Theo. Reading images: the grammar of visual design. 2nd ed. This edition published in the Taylor & Francis e-Library, 2006.

LIM-FEI, Victor.; TAN, Kok Yin Serene. Multimodal Translational Research: Teaching Visual Texts. In: Seizov, O. & Wildfeuer, J. (eds.). New studies in multimodality: Conceptual and methodological elaborations. London/New York: Bloomsbury2017.

 

DO THE EVOLUTION: DESIGN DE ATIVIDADE ENVOLVENDO LETRAMENTO CRÍTICO VISUAL

Para citar esta postagem: OLIVEIRA, Ananda Veloso Amorim. Do the Evolution: design de atividade envolvendo letramento crítico visual. In: OLIVEIRA, Ananda Veloso Amorim. Profs. Pesquisadores. Teresina, PI, 21 jun. 2023. Disponível em: Acesso em: XX XXX 20..


Contextualização

Esta é uma apresentação de atividade de letramento crítico visual multimodal, a partir da exploração do videoclipe chamado Do The Evolution (Faça a evolução, em tradução livre). Essa atividade tem como objetivo de estimular o desenvolvimento de letramento crítico visual nos alunos, a partir das possibilidades de construção de sentido proporcionadas pelo referido texto multimodal. A proposta de interpretação e análise se consolida a partir da observação de comunicações visuais retiradas do texto e se norteia pelo questionamento feito a respeito desse recorte, mas que demanda ativação de conhecimentos prévios (linguísticos e extralinguísticos), contextualizados e percepção da multimodalidade presente de forma geral no videoclipe.

Do the Evolution é uma canção de Pearl Jam, banda norte-americana que popularizou o estilo grunge na década de 90 e com o tempo adotou o rock alternativo. Pearl Jam é uma banda formada por cinco integrantes: Ed., Pedra Stone, Mike,Matt e que mantém o trabalho coletivo da Vitalogy Foundation, que é uma organização filantrópica do grupo para traduzir o espírito de sua música em impactos positivos tangíveis, concentrando-se em defesa dos sem-teto e em causas ambientais e indígenas. 

composição da música a ser analisada é de Stone Gossard e Eddie Vedder, que abordam a evolução. Para representar essa condição que deveria ser benéfica para sociedade, os autores abordam de forma crítica a relação de poder pautada na luta pela sobrevivência, o que na percepção deles tem sido uma evolução da ganância e a busca do ser humano pela detenção de mais poderio. O vídeo tem em seu enredo várias contextualizações de situações em que o autoritarismo humano e sua prepotência se manifestam acima de tudo. Matar, trair, roubar, ostentar poderio bélico e aquisitivo, explorar, torturar, alienar, manipular pessoas, dominar terras e territórios, abuso de poder são algumas das características que têm evidenciado a chamada evolução humana.                         

A análise crítica se pretende como estratégia de busca dos propósitos reais da produção textual, de modo a investigar a partir da composição multimodal quais os efeitos de sentido pretendidos pelos autores e suscitados no leitor/ouvinte/interagente. Considerando que os textos multimodais não são imparciais, o despertar dos alunos para essa busca dos interesses sociais e políticos que os compõem, bem como das relações que isso tem com seu contexto sociocultural constitui interesse desta proposta de atividade.


Videoclipe de Pearl Jam, Do the Evolution


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


Atividade 

1. O que esta imagem representa para você?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


2. O que está acontecendo nesta imagem?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


3. Por que o design enfatiza certos elementos e não outros? (Responda evidenciando o que está em foco e o porquê).

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


4.  Qual a relação entre esta imagem e a mensagem do texto?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


5.  Quem ou o que você vê nesta imagem?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI



6. Que tipo de comparação o autor está mostrando? Explique.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI

7. O que está acontecendo nesta imagem?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI



8.   Por que a tonalidade dourada pode ter sido posta em evidência nesta imagem? Quais os efeitos dessa escolha para sua interpretação?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


9. Cite três perguntas que você faria em relação a estas imagens.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI

10. O que a disposição das pessoas na imagem, a linguagem corporal e a amplitude da visão que elas estão tendo revelam para você?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aDaOgu2CQtI

11. 
Qual a finalidade do videoclipe?  











quinta-feira, 15 de junho de 2023

RETÓRICA ARISTOTÉLICA EM TEXTOS MULTIMODAIS


 INFLUÊNCIA DE ARISTÓTELES NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO 



        Conforme Bonini (2003), a Arte Retórica de Aristóteles pode ser considerada marco inaugural da teoria da comunicação, pois incentivou e serviu de base para muitos modelos explanatórios do processo de comunicação, embora o autor evidencie que o propósito na verdade era o de explicar o processo de convencimento do auditório, como parte de sua teoria da argumentação, o que resultou na postulação de três elementos componentes para que esse processo se desencadeie, são eles: falante (quem) discurso (o quê) e ouvinte (a quem). 

A respeito da comunicação, vale lembrar que sempre esteve presente na vida dos seres humanos, seja por gestos, sons, desenhos, escrita e a partir dela o homem produz significado, sentido ou informa algo a alguém, o que pode ser considerado discurso (GREGOLIN, 2006). Nesse sentido, podemos dizer que para que haja discurso é necessário o uso da língua, uma vez que esse uso viabiliza a expressão do discurso de maneira materializada através de texto e imagens, ou seja, ele é formado por um conjunto de enunciados. Entretanto, Pereira (2021, p. 2) ao se reportar ao discurso retoma que " não é apenas a materialização em forma de texto, vídeo, ou fala, mas sim a construção em torno de uma ideia, uma verdade, os argumentos, as reflexões; é um processo dialético". Está associado a um processo de linguagem que se sustenta por uma ideologia e tem a finalidade de convencimento do outro acerca da lógica apresentada. 

Com base no conceito de discurso, Aristóteles aborda dois aspectos: a Techne Poietike, referindo-se à Poética e a Techne Rhetorike, referindo-se à Retórica. Neste trabalho, será apresentada a Retórica de Aristóteles, que designa a arte da comunicação para fins persuasivos e, nessa perspectiva, é possível ao indivíduo saber o que é adequado para persuadir. 


SÍNTESE DA  RETÓRICA ARISTOTÉLICA 


A Retórica de Aristóteles é conhecida como “Estrela de Aristóteles”, ou seja, as cinco formas de comunicação para fins persuasivos, são elas: Logos; Ethos; Pathos; Telos; Kairós. Adiante, passaremos a explicitar o que denotam esses apelos persuasivos e exemplificar a partir da análise de textos multimodais. 

Nesse intento, destacamos que Aristóteles defendia a existência de duas espécies de raciocínios lógicos: as induções (epagôgê) e as deduções (sillogismos) pelo que as provas artísticas baseadas no logos irão denominar um discurso rigoroso e intelectual de acordo com a razão humana. “O logos indica, assim, as provas discursivas, argumentativas e racionais provenientes de um raciocínio coerente. Estas provas artísticas dizem respeito ao modo como os indivíduos alegam ou objetam algum assunto prático” (MATEUS, 2018, p. 108). "Para o logos, o modo de persuasão ocorre no nível racional." (LIM-FEI; TAN, 2017, p. 24).



Imagem 1- Raciocínio lógico a partir de uma hipótese

Disponível em: https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-jardim/post/2022/09/conar-pede-que-heineken-altere-energia-verde-em-anuncio-apos-trocadilho-com-a-cor-da-marca.ghtml


 Como podemos observar, a estratégia persuasiva de explícita defesa da sustentabilidade e a garantia de produção com energia  100% verde,  conforme imagem 1, é argumento plausível para seu consumo, sua aquisição e admiração pela iniciativa. O trocadilho entre a cor da cerveja e da energia despertam a ideia de um consumo mais consciente. A marca Heineken passou a divulgar no ano de 2023 que facilitará o acesso de energia verde para bares e restaurantes por meio de uma grande parceria e explora em seu anúncio argumentos lógicos, além disso,  oferece redução na taxa de energia para o consumidor da marca.

Outro apelo persuasivo é o ethos e opera no registro da credibilidade e por isso o enunciador deve mostrar-se sincero, franco e verdadeiro. “O ethos denota um caráter moral que o orador aparenta, pelo menos, possuir e que deseja colocar ao serviço do seu auditório” (MATEUS, 2018, p. 111), ou seja, o " 'Ethos' é o apelo à autoridade do assunto"  (LIM-FEI; TAN, 2017, p. 24).



Imagem 2- Garoto propaganda da Brahma

A imagem 2 contempla o músico Zeca Pagodinho em uma latinha de cerveja Brahma.  Como apreciador declarado de cerveja, a sua imagem com os tons da marca cervejeira fazendo uso de vestimenta leve, com óculos escuro, garante a sinalização do ar de autoridade no assunto para o consumidor da bebida. A Brahma, que é patrocinadora do Carnaval do Rio de Janeiro, lançou uma latinha comemorativa com a imagem do músico, que por si só já é referência no assunto, reforçando a credibilidade da marca. 

A respeito do Phatos, é importante destacar que ele é ativado pelo uso competente do orador, enunciador que mobiliza as crenças, os sentimentos, as percepções e simpatias do auditório para, desse modo, interferir no processo de persuasão (MATEUS, 2018, p. 109-110). "'Pathos' é o apelo às emoções do público" (LIM-FEI; TAN, 2017, p. 24). 


Imagem 3- Apelo à experiência vivenciada

     
  Disponível em: https://www.propagandashistoricas.com.br/2022/08/cerveja-brahma-chopp-1984.html?m=1     

A partir do texto multimodal, na imagem 3, o observador é convidado a se posicionar no lugar do participante representado no anúncio, ou seja, segurando o copo e ingerindo cerveja Brahma bem gelada, como nos faz supor a quantidade de espuma na região superior do copo, as bolhas dispostas no copo e na garrafa anunciando sua temperatura gelada em contato com ambiente quente, o que dá também sensação de saciedade e alívio de calor. Compondo o texto multimodal,  o anunciante investiu no sentido literal de que a cerveja está na boca de todos, de modo a ingeri-la, mas também no sentido inferencial de que é a mais aceita dentre os consumidores,  uma vez que todos falam e confirmam isso.

        O Telos significa propósito, ou seja, ao observar uma publicidade ou imagem visual deve ser ativadas algumas perguntas para que possam identificar o propósito de uma publicidade ou imagem visual.  Conforme Santos (2011), kairós é, para Aristóteles, na Ética a Nicômaco, tomado como uma categoria, isto é, "uma maneira segundo a qual se diz o que é, o ente enquanto tal, aquilo que está sendo". (SANTOS, 2011, p. 62).  Para ele, tal como o ser se diz de vários modos, o bem também se deixa dizer segundo o esquema das categorias, dentre as quais se encontra o tempo, que remete tanto à circunstância presente quanto à oportunidade futura. 


Imagem 4- Kairós e Telos em texto multimodal

Disponível em: https://www.oabpi.org.br/maio-laranja-oab-piaui-lanca-campanha-de-combate-a-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes/


A imagem 4 traz um texto multimodal da campanha de combate à violência sexual contra crianças e adolescentes do ano de 2021, como iniciativa da Ordem dos Advogados do Piauí- OAB, em meio ao mês de maio como uma das ações do Maio Laranja, que por conta do dia 18 de maio, foi instituído como Dia de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, pela Lei Federal 9.970, de 2000. O  contexto de produção, kairós,  remete ao período de pandemia da COVID-19  no Brasil, o que favoreceu o aumento dos abusos sexuais de crianças nessa circunstância e por isso o tema: “Alguns segredos não devem ser guardados”, vislumbrando como telos conscientizar, orientar e educar para prevenção contra qualquer tipo de abuso ou violência sexual contra crianças e adolescentes.



REFERÊNCIAS



BONINI, Adair. Veículo de comunicação e gênero textual: noções conflitantes. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, Vol. 19, 2003. Disponível em: Acesso em: 10 Jun. 2023.


GREGOLIN, Maria do Rosário. Foucault e Pêcheux na análise do discurso:

diálogos & duelos. São Carlos. Editora Clara Luz. 2006.

LIM-FEI, Victor.; TAN, Kok Yin Serene. Multimodal Translational Research: Teaching Visual Texts. In: Seizov, O. & Wildfeuer, J. (eds.). New studies in multimodality: Conceptual and methodological elaborations. London/New York: Bloomsbury, 2017.


MATEUS, Samuel. Introdução à Retórica no Séc. XXI. Covilhã: Editora LabCom.IFP, 2018 (Livros de Comunicação).


PEREIRA, Francisco Jomário. O que é Discurso. Blog Café 

com Sociologia. mar. 2021. Disponível em:

https://cafecomsociologia.com/discurso/. Acesso em: 10 Jun. 2023.


SANTOS, Gilfranco Lucena dos. Tempo ético e tempo histórico: a reapropriação heideggeriana do kairos como Augenblick. 2011. 207 f. Tese (Doutorado em Filosofia) - Universidade Federal da Paraí­ba, João Pessoa, 2011.


Comentários